som de leão mesmo ao meu lado

tenho o circo à porta de casa. circo mesmo, não se tratam de vizinhos palhaços.

existe um descampado ao lado da nossa casa onde está projectado uma escola. ideia que eu adoro. ainda não consigo projectar no prático que será os meus filhos estarem na escola mesmo ao lado de casa, mas consigo sonhar em aumentar o suficiente o valor da casa para podermos comprar uma vivenda com uma entrada confortável.

anyway, no descampado, enquanto as obras são prometidas mas ficam no limbo, a câmara ou a junta, ou alguém com certeza, vai ganhando uns trocos em "alugar" o espaço aos mais artefactos culturais. desta vez, circo.

confesso que nunca gostei de palhaços e o circo em geral nunca me provocou sedução. gosto de alguns números, normalmente relacionados com acrobacias mas de resto... os palhaços provocam-me stress profundo, e ver animais aperta-me o coração.

na minha in-cultura, pensei que já não fosse possível ter animais no circo. especialmente algumas espécies. qual foi o meu espanto quando, após montarem o estaminé, comecei a ver jaulas. eram bois (deve haver um nome mais específico mas não sei), um dromedário enorme, burro, cabrinhas (até aqui ainda posso.. enfim..), depois leoas e vários tigres. é verdade que são enormes e pelo aspecto do pêlo até parecem saudáveis. o problema dá-se quando se põe de pé e a zona da barriga é só pele. independentemente disto, já tinha decidido ir à net. parece-me que os circos podem ter animais desde que peçam uma autorização municipal, estes serviços, são responsáveis por verificarem as condições onde os animais vivem. só isto????

ouvimos os tigres e leoas durante o dia. aquele som da vida selvagem em chamamentos pelas crias perdidas. é um som triste e preocupante.

para aliviar, temos brincado que antes de sairmos de casa temos de ir à janela e olhar para a porta das jaulas, não vá termos um amigo à nossa espera lá em baixo.

e não é que hoje estava a chegar a casa e ouvi o tal som felino e parecia que estava mesmo ao meu lado?!?! olhei para a direita (direcção das jaulas) e não vi nada. estava escuro. eu estava sozinha e tinha um pacote de bacon na mão. se lá estivesse, dar-lhe-ia o bacon na esperança de o entreter. eu que tinha pensado que se isto me acontecesse tentaria fazer-lhes uma festinha e andar devagarinho (!!!!), senti o coração aos saltos e por pouco não desatei a correr. fiquei aliviada quando fechei a porta do prédio.

claro que não estava nenhum felino solto, mas o som, sendo um som selvagem, facilmente propaga-se de uma forma que nós citadinos não estamos habituados.

para tentar acabar esta entrada, ando com o coração apertado. não pela possibilidade de algum animal selvagem soltar-se, mas porque fico triste. são animais, não deveriam estar nas condições que estão, em jaulas que nem se conseguem esticar como deve ser.

quem me conhece sabe que não ligo a animais. quem me conhece bem sabe que adoro animais. só não os quero na minha casa (à excepção de peixinhos que não espécies protegidas).

custa-me vê-los ali.