terça-feira, 29 de dezembro de 2015

por aqui

quero escrever. muito. quero escrever aqui e noutros sítios com outros propósitos.


gosto e acredito profundamente na partilha e foi assim que este meu blog nasceu. independentemente do número de visualizações que tenha, quero continuar a faze-lo.


conseguir? isso é outra parte.


quero conseguir continuar a escrever as coisas boas e más que me apetecerem. quero partilhar ideias de pequenas coisas que tenho feito em casa e com os miúdos, e parvoices que penso eventualmente todos os dias e a toda a hora. quero esvaziar a caixa de rascunhos.


quero dar andamento a tantos e tantos pequenos e grandes projectos, limpar caixas de entrada, organizar papeladas físicas, deitar fora tanta coisa, acabar o meu primeiro livro, pôr à venda outras tantas coisas, organizar o evernote, fazer o album do primeiro ano do S, organizar gavetas, rever roupas dos quatro, plantar ervas aromáticas, limpar e organizar e redecorar muita coisa, fazer uma nova deco para uma parede da sala, fazer um quadro de rotinas para os Bichinhos, limpar por dentro dos armários, brincar com os miúdos, ensinar-lhes a ver as estrelas a brilhar, ler os muitos livros que arranjei nos últimos tempos, reorganizar o congelador, vasculhar os livros da bimby, reorganizar a minha alimentação, melhorar em grande a nossa alimentação, fazer exercício, que todas as mudanças na minha cabeça comecem a ser uma prática, quero correr atrás deles.


mas quero lavar os dentes e tirar a maquilhagem ao fim do dia, mas às vezes não consigo (UPS!). quero que a montanha de roupa diminue, quero o chão mais limpo, quero dormer mais de cinco horas seguidas, quero um bocadinho de silêncio quando os dois adormecem, cada um na sua cama, e lá se mantendo a noite toda.


e acredito que daqui a pouco tempo, tudo isto vai chegar.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

domingo, 25 de outubro de 2015

cozinhar a duas

adoro cozinhar com a Piolha, especialmente quando tem sido difícil arranjar tempo para estarmos só as duas, cozinhar e faze-la ajudar em coisas simples é algo que ela adora e que conseguimos que seja só nosso.

tinha ficado curiosa com o bolo de iogurte que se faz em casa da Carlota, achei que seria muito fácil da D fazer e dava um bolo visualmente engraçado.

apesar de ter natas, como o tempo apertava, decidi só colocar no lume um pouco de açúcar com morangos e colocar em cima do bolo - de seguida, pó brilhante dourado deu uma luz especial (algo me diz que este pó vai ser show este natal). a D ficou toda orgulhosa.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

destralhar em férias

a semana passada estive de férias em casa.


o primeiro objectivo era simplesmente estar sozinha.
o segundo objectivo era organizar algumas coisas em casa. assim lembrei-me de me auto motivar a destralhar em força.




desde que tento simplificar a casa, tenho listado a maioria das coisas de que nos temos desfeito. às vezes esqueço-me, outras é o A que manda fora sem eu saber a quantidade. mas a maioria, escrevo. assim, sabia que, no dia nove outubro dois mil e quinze, tinhamo-nos desfeito de 318 ítens durante este ano, e auto desafiei-me a chegar ao dobro no final da semana de férias, ou seja, chegar aos 636.


o objectivo não era destralhar a casa, mas sim organizar várias coisas na casa e nos entretantos, continuar a simplificar.




assim, informo que, infelizmente não cheguei aos 636 ítens, mas sim a 541! mesmo assim foi muito bom :)




como disse, o objectivo não era apenas destralhar, se fosse, teria conseguido muito mais. estive a rever e reorganizar roupeiros, gavetas, ver sapatos, casacos, nossos e dos miúdos... e não constam na lista as roupas da miúda que já não lhe servem e que vamos emprestar (porque irão voltar a casa daqui a uns tempos).


lembrei-me de ir ver quanto tinha destralhado desde que comecei.. fi-lo em 2013 (com 468 ítens) e 2014 (com 170 ítens). e apercebi-me que neste ano, já destralhei quase a quantidade que fiz nos últimos dois anos juntos.




tenho gostado especialmente de desfazer-me de coisas grandes e que tenho de ver todos os dias quando as deixo de usar - carrinho de bebé, banheira de bebé, almofada de amamentação, coisas assim - é bom senti-los a crescer e a já não precisar deste tipo de coisas.


e o que mais gosto é mesmo sentir o ar da casa mais leve, sentir-me a mim mais leve porque ter coisas significa tratar delas, e eu não quero tratar de coisas mas sim das minhas pessoas. e quando trato de coisas, quero que sejam as que dou valor.




a quantos chegarei a trinta e um de dezembro de dois mil e quinze?

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

quinze meses e oito dias

sempre pensei que ele era um destravado, basta dizer que nasceu no hall de entrada a alta velocidade e não foi parar à sala porque a bombeira o travou.

mas sempre pensei que ele ia começar a fazer as coisas muito cedo, afinal a despachada cá de casa é a mana, mas o mano, continua a ser o destravado.

já há uns tempos que acho que o S não anda (andava) porque lhe faltava um click. e foi este sábado, e de repente, poucos minutos após descobrir que sabe andar, está a dar muitos passos seguidos e só é mais trapalhão porque quer correr. parece que já sabe andar há muito, mas só agora o descobriu. o verdadeiro perigo começou!

sobre o big destralhe

não me esqueci em nada do meu auto-desafio de destralhe. mas preciso do computador, e não do telemóvel, para contar.

digo já que tenho certeza que não cheguei ao número.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

na última semana

na tentativa de organizar muitas coisas esta semana, cheguei a hoje, sexta feira, o último dia que estive sozinha e após uma noite horrível, com um sentimento mau. já o esperava, e por isso tentei a muito custo colocar as espectativas baixas, dizer-me muitas vezes de que também preciso de descansar, mesmo que isso não seja dormir, que é bom ir dar uma volta, pairar pela net, o que for..

depois, na grande esperança de aceitar a minha vida tal como ela é e está de momento, ou seja, sem tempo suficiente e com muitas muitas coisas desorganizadas, decidi criar no meu GTD um grande projecto fim 2015 e ano completo de 2016. acho que o segredo dos limites será decidir o que quero fazer à partida, porque na realidade um projecto destes nunca acaba.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

organizadores grátis

sabiam que a largura habitual das caixas de cereais é a mesma das gavetas standard dos lavatórios de casa de banho?

uma fita tappe para ocultar o corte que fiz, ao mesmo tempo que protege de cortes que poderia fazer e ainda dá uma cor muito subtil.

e tenho pronto um organizador para a maquilhagem e pequenas coisas que preciso no wc no dia a dia.

e tu, costumas pensar em como organizar sem gastar?

sábado, 10 de outubro de 2015

318

durante a próxima semana estou em casa. desde que voltei a trabalhar após o nascimento do S, dia cinco de janeiro, que espero por isto - uns dias sozinha em casa durante o dia, o A estar a trabalhar, os Piolhos entregues, eu a fazer o que me apetece. sei que tenho de descansar, mas também quero descansar a minha mente, e para isso preciso organizar algumas coisas em casa.

daí pensei desafiar-me a nível de tralha: contar aquilo que já mandei embora este ano e tentar, durante a próxima semana, duplicar o valor! mas isto foi antes de contar.. sinceramente, pensei que estaria pelos cento e pouco itens, mas estou em trezentos e dezoito! será que apenas numa semana, em que também quero descansar, estar com duas amigas, ver séries, passar a ferro e cortar o cabelo, ainda consigo arrumar e em consequência, colocar de lado coisas ao ponto da minha lista anual de destralhe passe a seiscentos e trinta e dois? huuuuum...

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

a outra noite

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às 3 da manhã a D estava na minha cama (q desde q o A começou a trabalhar, devido aos horários malucos, acho que ela se sente insegura e tem vindo para a nossa cama a meio da noite), portanto, a essa hora estava ela na minha cama e eu oiço um barulho estranho na cama do S - tinha vomitado um bocadinho. lavá-lo, mudá-lo, etc etc.. pu-lo na minha cama e ele não queria dormir, só brincadeira, passado uns 20 min.. começou a vomitar sem parar!!! a cama toda (a minha cama), o chão todo, aquela coisa de o vermos com solavancos como se estivesse a levar socos no estômago por dentro. enfim, acalmá-lo, acalmar a mana, dizer-lhe que está tudo bem, que a mamã vai lavar o mano e já vem, para ela ficar ali sossegadinha, esperar que fique. lavá-lo, mudá-lo todo, deixá-lo na cama de grades que está no quarto deles, a miúda ficou mesmo sossegadinha (abençoada filhota), mudar a cama dele que está no meu quarto, dizer à miúda que tenho de mudar a minha cama, ela responder que não está suja (porque ali não sente o molhado), mas que não gosta do cheiro! pôr a miúda na cama do miúdo que está no meu quarto a ver se ela não acordava em demasia, a miúda começar aos saltos toda contente e eu a zangar-me (como é uma cama de viagem pensei que a ia desmanchar), mudar a minha cama toda, lavar o chão, pôr a miúda na minha cama, pôr uma toalha na cama do miúdo, pôr o miúdo na cama dele, esperar que ele lá fique, apagar a luz, silêncio e adormecermos todos. passado uns 20 minutos acordei eu sozinha e não consegui dormir mais!

bora lá passar a ferro!

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

do último post..

aquela sensação boa de chegar a casa e estar tudo limpo, aaaahhhhh.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

arranjar empregada de limpeza doméstica

o telefonema que queríamos mesmo fazer, após o A arranjar trabalho, era para a nossa empregada de limpeza!


foi apenas esperar saber os horários do A e peguei no telemóvel. qual foi a minha tristeza quando me disse que já estava novamente com horário completo, sem disponibilidade para nós.


tivemos esta ajuda doméstica desde o final de 2013, com a D com um aninho e mesmo antes de engravidar do S. mas tivemos de a despensar quando o A ficou desempregado.


neste momento, ao recomeçar com esta ajuda (e ainda pensando que seria a mesma pessoa), já tinha decidido que tinha de ter uma conversa aberta com ela. considero que uma empregada doméstica tem de ter liberdade de escolha na forma como faz as coisas. não me passa pela cabeça o meu chefe dizer-me de que forma devo fazer o meu trabalho. ele diz-me o quê, eu decido o como. no entanto, ela tem de seguir o que acordámos e tem de falar comigo. o básico: se lhe digo que não quero que arrume roupa no roupeiro, não pode arrumar. se lhe peço para desligar o aspirador no botão (e sendo que fui eu que comprei o aspirador e que trato da sua manutenção), acho que o deve fazer (acham que é pedir de mais?). se parte algo, tem de dizer-me, ou se o ferro de engomar caiu em cima do tapete e queimou-o irremediavelmente, também.


sendo que a pessoa vai ser outra, fui mais a fundo na questão. pesquisei um pouco e e deixo aqui alguns pensamentos e dicas (não convencionais) para quando contratamos ajuda doméstica.


decidir o tipo de ajuda que queremos
penso que em Portugal, a maioria das pessoas que tem empregada doméstica é para limpeza, arrumação geral e passagem a ferro, uma vez por semana. chamo arrumação geral a coisas como fazerem camas de lavado, estender e apanhar roupa, arrumar a loiça da máquina. no entanto ainda há pessoas que fazem mais. no trajeto que faço do comboio para o meu trabalho, centro de Lisboa, pleno ano 2015, vejo senhoras que dormem em casa da "patroa", fazem de tudo, conheco-as porque levam os cães à rua. têm de os passear à vez, porque os cães são grandes, e a empregada já não é nova. e depois há um meio termo, por exemplo, tenho pessoas próximas cuja empregada faz-lhes a sopa para a semana, estão atentas aos animais, ou mesmo vêm o que faz falta e fazem algumas compras. claro que aqui também entram questões financeiras e de legalização do trabalho, das quais não vou falar.


o que é para fazer, para mim é simples (ou eu acho simples):
  • limpar
  • engomar
isto significa: limpar pó e vidros, limpar casas de banho, limpeza geral da cozinha (basicamente bancadas e alguma coisa que esteja suja), aspirar e lavar o chão. também significa que lhe vou pedir para fazer limpezas detalhadas esporadicamente (como limpar a fundo o forno) ou sazonalmente (como limpar janelas). engomar a roupa que lhe deixe (costumava deixar um monte pequeno, que eram as peças prioritárias, e depois a outra senhora passava mais coisas por qualquer ordem).


o que não é para fazer:
  • fazer camas de lavado - acho muito pessoal
  • estender e apanhar roupa - idem
  • tirar a loiça da máquina - acho que é trabalho nosso, pode ser uma parvoíce, mas sinto que há outras coisas mais importantes para ela fazer
  • limpar placa de vitrocerâmica - tenho receio que se estrague alguma coisa;
  • arrumar roupa - sou muito esquisita com a ordem e modo de arrumação de roupa;
  • e finalmente, para uma extreme-controller-organization-freak, espero nunca jamais me aperceber que mexeu em alguma gaveta ou armário, onde não conste panos ou produtos de limpeza.


selecionar uma empregada doméstica
já tive uma senhora que foi só fazer uma limpeza maior à cozinha (comigo super barriguda da D), já tive a senhora que agora não pode voltar, e agora (espero) vou ter esta terceira senhora. em todos os casos, foi através de conhecimento. pedi contactos a amigas que eu sabia que tinham este apoio. desta vez, como estava com receio de não arranjar desse modo, aderi a um grupo do facebook de ajuda a encontrar empregadas. pensei também numa empresa especializada, aqui normalmente o trabalho pode ser muito bom, tudo legalizado e planeado, mas os valores também podem ser outros. nisto, chego à conclusão que a minha prioridade é mesmo ter um elo de confiança, vou entregar a minha chave a alguém que não conheço.. fundamentalmente quero:
  • que seja alguém de confiança - que fique como minha empregada através de "cunha"
  • que haja um click - porque tem de ser. temos de seguir os nossos instintos, tem de haver qualquer coisa! a cunha pode ser a melhor de todas, o preço super apelativo, parecer super cuidadosa, mas se não houver um click entre mim (dona da minha casa) e ela (ajudanta na minha casa), sei que não vai funcionar.


mas há também a possibilidade de selecionar pela negativa. conheço algumas pessoas com empregada e que partilham coisas connosco.. ou seja, o que não quero:
  • as que se despacham rápido mas partem / estragam ítens com frequência - já me basta os meus filhos, que felizmente até agora não se viraram muito para aí;
  • as que são tias, primas, cunhadas, etc, de algum amigo nosso - se alguma coisa pequena não corre bem, vamos ter dificuldade em dizer, se alguma coisa grande corre mal, nunca a vamos conseguir despedir;
  • as empregadas dos nossos vizinhos (aqueles vizinhos mesmo mesmo ao nosso lado, com quem ficamos horas a falar, e que até já me viram de gatas (ele) e até muito mais (ela) na altura em que se tornaram quase-padrinhos-de-sangue do meu filho) - sei lá eu a relação que os vizinhos têm com a senhora? sei lá eu se ela me descobre a 'maleta rocha' e lhes conta? sei lá eu se eles não acham que pode ser um convite ao swing?
primeiro contacto - o telefonema
lá me deram o telefone da menina que espero que seja a escolha acertada. telefonei. o que achei importante:
  • apresentei-me e disse quem me deu o contacto;
  • disse onde moro e perguntei se continuava interessada;
  • disse o tipo de trabalho que pretendo - falei logo das limpezas extra, se ela fazia esses trabalhos. ouvi o que me disse e escutei as reacções;
  • falei-lhe do nosso maior problema: os horários do A e como isso impacta no trabalho dela, em vez de eu lhe propôr soluções para os horários, escutei as opções que ela me deu.
  • perguntei quanto custa o trabalho dela;
  • agendámos um encontro para nos conhecermos, falarmos melhor, ela conhecer a nossa casa.




Segundo contacto - o cara a cara
há pessoas que preparam uma lista enorme de perguntas para este encontro. eu diria, acima de tudo, sigam o vosso instinto!
por exemplo, é claro que quero saber se posso contar com ela, se ela é de faltar ou não, mas não me parece que o vá saber perguntando-lhe se tem filhos e se eles são pequenos! eu tenho dois filhos, ambos pequenos, desde que voltei de licença de maternidade nunca faltei por precisar de estar com eles. também não quero saber a forma como ela organiza os armários, porque espero que não tire nada da ordem em qualquer armário, gaveta, etc. :) sigam o vosso instinto.
no entanto, acho importante sabermos se ela cozinha se quisermos que ela nos faça comida comestível, ou se sabe trabalhar com a máquina da roupa se vamos pedir que ponha roupa a lavar, etc.
para mim, neste segundo contacto acho importante:
  • saber um pouco da história profissional - no meu caso, a senhora está sem qualquer cliente, e se eu ainda não soubesse que ela tirou uns tempos para ficar com os filhos pequenos e que agora foram para a creche, gostaria de saber porque tinha ficado sem trabalho;
  • saber onde mora e como vai para nossa casa;
  • esclarecer dia e modo de pagamento e qualquer questão contractual que exista;
  • dizer o que quero que ela faça;
  • saber como ela costuma se organizar e fazer esse tipo de tarefas;
  • dizer o que não quero que ela faça (as coisas gerais que descrevi acima);
  • saber se é preferível arranjar uma pequena lista de tarefas;
  • acordar como fazemos para eu saber que é preciso comprar um detergente;
  • dizer quais são as prioridades - para mim é limpeza e só se houver tempo, roupa. pode haver dias em que hajam sub-prioridades :) ;
  • indicar onde estão guardados: aspirador, mopa, detergents, panos, etc.
  • falar sobre a necessidade de comunicar e a melhor forma para o fazermos! - porque nunca ou raramente nos veremos, porque ela irá fazer horários diferentes consuante os horários do A, porque se se estragar alguma coisa eu quero saber antes de o ver;
  • e... correndo tudo bem, agenda a primeira limpeza e dar a chave!
nestas coisas sou muito ponderada, mas cada vez mais tenho seguido o meu instinto neste tipo de decisões, tem corridor bem!


e vocês, alguma dica?

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

TPC

no fim da primeira sexta feira de aulas, a professora da D entrega-nos o primeiro TPC dela, para os país fazerem!

calhou que o A tinha começado a trabalhar um dia antes, que tínhamos a festa da D no sábado, que domingo saí de casa para o A conseguir descansar, que ando completamente estoirada...

bom, mas ando mesmo numa de não falhar prazos :)

e assim saiu a nossa primeira árvore genealógica!

uma coisa "engraçada" é que na primeira vez que fomos à escola, perguntei logo se TPC's para pais fazerem era algo recorrente..

domingo, 6 de setembro de 2015

BIG week

a semana começou com uma grande notícia - o A a ser o escolhido na entrevista que tinha feito na semana anterior! :) no dia seguinte, faria um ano que estava desempregado.

ainda bem que não consegui escrever muito esta semana porque houve, na minha cabeça, muitos altos e muitos baixos. a preparação para a festa da D no sábado, a preparação para o A ir trabalhar, o primeiro dia da escola da D, pedirmos um carro emprestado por tempo indeterminado, o regresso do marido aos turnos, o BIG dia da Princesa na sexta feira, o A começar a trabalhar na quinta feira e no pior turno de todos (16 às 24h), mudarmos a hora da festa para que o papá estivesse presente, eu sozinha com os Piolhos à noite, a precisar desesperadamente de falar com alguém que entenda, ou simplesmente ter certeza que estou mesmo a fazer o melhor e que o A sabe do esforço.

ainda bem que não consegui escrever muito esta semana porque houve momentos em que pus muita coisa em causa. estar sozinha com eles, especialmente com a D já grande e sem se lembrar de não ter o pai conosco, abrirem os dois a goela a chorar estericamente e a chamar pelo papá, juntando ao cansaço do novo ritmo da escola e com ela super cansada.

estou tão feliz com o trabalho do A que qualquer desabafo parece ingratidão, e lembro-me da frase que sempre deixei acima do blog "count your blessings".

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

esperar

o problema de estar à espera que o A vá à Nespresso comprar café, e eu ficar noutro andar porcausa do carro das compras, é olhar para a coleção Caribe by Christian Lacroix para a Vista Alegre, não gostar nada, olhar e olhar e apaixonar-me! e volta uma dúvida que tenho over and over and over... o que fazem à decoração de montras quando as mudam? é que este padrão de papel ficava lindo na mesa da  festa da D, amanhã! se sobrevivesse, ficava depois no corredor da nossa casa.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

tamanho que importa

vinte centímetros significam esticar o braço e pensar que estou sozinha, levo o Piolho para a cama, e afinal o pai estava lá. 160 e 180 centímetros de cama são realidades muito diferentes!

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

a cada dia conversas maiores

fui ver os The Gift. quando cheguei a casa o A disse-me: depois de eu dizer à D que como estava sozinho ia deitar um de cada vez, a tua filha tem maturidade para chegar ao pé do S e dizer:

- mano, o papá vai preparar o leitinho e dar à mana e deixar-me na cama para a mana ir fazer ó-ó, não é preciso chorar porque depois o papá vem, vai tratar do teu leitinho e dar ao S. dorme bem.

é isto.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

(não) dormir

tenho passado tanto tempo a pensar em formas de melhorar toda a minha produtividade com falta de sono..

há quem diga que isso de ter um sono restaurador depois de sermos mães não volta porque ficamos para sempre preocupadas com tudo e nada em relação ao filhos e nunca mais descansamos como antes. não acredito. ou seja, acredito e sei que nunca mais deixamos de estar com algum tipo de preocupação, mas também acho que, tal como acontece com as dores de parto, as mulheres se esquecem do que realmente significa, no dia após dia, não dormir minimamente bem durante meses.

no meu caso, não durmo uma noite seguida desde a gravidez da D, portanto.. há mais de 3 anos!

alguém com ideias, pensamentos, truques?

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

babetes à prova da força do S

sinto-me a começar a ferver quando estou a dar comida ao S (note-se que ele raramente comeu bem) e ele distrai-se, (quando é para comer o miúdo distrai-se com tudo e com nada), por exemplo a tentar arrancar o babete. normalmente suja-s, sujamo-nos, com a velocidade que ele o arranca e com a força com que as mãos vêem.

surgiu-me a questão - como fortificar u babete? com uma mola!

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

forever home

fui a casa de uns amigos quando eles a compraram, ao sairmos disse ao A:

- é muito engraçada mas não para nós. tem WOW factor, mas eu na minha vivenda preciso é de espaço, preferia mais quartos ou arrumação ou quartos maiores do que uma sala com tecto alto, com a altura e declive do telhado.

como já aconteceu em várias circunstâncias da minha vida, tive uma primeira impressão muito longe do que viria a sentir. é o chamado "aprender a estar calada".

há uns meses atrás, sonhei que tinha comprado a casa. sonhar mesmo a dormir. estou habituada a sonhar muito e coisas inexplicáveis, e com os anos fui conseguindo não ficar dias perturbada com um sonho. por exemplo, sonhar com a morte já não me incomoda, desde que o tipo de morte seja habitual e a  pessoa que morre não seja "novato" nos meus sonhos. já sonhar com casas, sonhar que ia comprar uma casa em específico, que por "acaso" é a casa de um casal amigo, foi uma estreia! mas depois deixou de ser, uma vez que sonhei mais vezes. e com isto.. apaixonei-me. estamos a apaixonarmo-nos, os dois, porque foi impossível guardar este sonho para mim. juntos já mudamos a zona de trás, a entrada, as luzes da sala, já fizemos melhorias e pequenas alterações.. e isto tudo sem termos lá estado após o primeiro sonho, o que, confesso, poderia deixar-nos incomodados a todos.

após ver a casa deles pela primeira vez, talvez há uns seis anos atrás, muita coisa mudou na minha mente. vejo-nos a morar numa casa que nos sirva, não sendo necessário ser enorme ou extravagantemente despropositada. antes queria uma vivenda de quatro andares, era o que realmente me fazia sentido: cave com estacionamento, rés do chão, primeiro andar, sótão com muita arrumação. hoje quero espaço amplo, não ter tralha, ter espaço e tempo para brincadeira, um bocadinho de terra, espaço para o aniversário dos Piolhos, e para os nossos jantares. prefiro algo original do que espaço e espaço de arrumação.

há cerca de um mês mandei mensagem à minha amiga:

- Mulher, não sei porquê mas não paro de pensar em ti. Sabes que até já sonhei duas vezes que ia comprar a tua casa?! UFA.. Estás bem? Beijinho

- Deus é tremendo e fala aos seus filhos. Nós não estamos muito bem... mas temos de falar ao vivo e a cores... mas não te preocupes... um bj enorme

e assim questiono-me, Deus estava a falar comigo para eu a acarinhar por não estar bem, ou a fazer-me ver que a casa vai ser minha?

o problema agora é que, soube hoje, estão em processo de divórcio. eu gosto muito mas mesmo muito deles e tudo isto está a mexer muito comigo. mas.... será que ficam com a casa?

terça-feira, 11 de agosto de 2015

adormecer bem

ou melhor, estar tão entusiasmada de felicidade que não consigo adormecer, é:

conseguir fazer o que me propus hoje, ter o trabalho em dia, limpar as coisas na casa que queria limpar, estender roupa, pôr mais a lavar, estender mais, planear comida (e ser o marido a fazer), procurar novo sítio a experimentar na net, finalmente colocar o que comprei a pensar usar como pendente como puxador, enviar emails pendentes, recolocar os rodapés na cozinha, limpar todos os espelhos (obrigada Thais, é mesmo verdade que fazer as coisas por assunto demora muito menos tempo), limpar uma janela que se sujou no dia a seguir à limpeza detalhada, pensar em mudar a cama de viagem com a de grades, mudar uma, ver que a outra não passa nas ombreiras, decidir não trocar, mudar a disposição do quarto dos miúdos (e quando a D chegou ouvir: o que é que fizeste? porque o quarto está todo desarrumado??? - depois gostou),ir buscar os Piolhos,  receber uma prenda atrasada, termos um jantar calmo, lavar dentes, mais outros dentes, arrumar rapidamente o resto da cozinha e ficar a brincar com eles. o Pulguinha põe-se em pé, uma e outra vez, e de cada vez que consegue diz "PÉ!", pijamas e fraldas, leitinho e ficam os dois logo a dormir, eu aproveito e venho também.. mas o sono não vem.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

intercidades

gosto quando o intercidades pára em Entrecampos quando eu estou na plataforma, à sexta feira, dezassete e quarenta e dois, destino a Faro. a malta dos festivais, cheia de expectativas, aventuras de fim-semana que na segunda feira já sabem. a malta de escritório intriga-me, moram a meio caminho? no destino? fazem o trajecto todos os dias ou alugam uma casa para viverem em Lisboa durante a semana? ou têm em Faro uma casa de férias, por onde tentam entrar todos os finais de semanas? questiono-me porque não o fiz com mais frequência, antes dos miúdos, pegar no comboio e ir, sem nada marcado, onde fossemos parar alugávamos quarto, perguntávamos por um restaurante local, delicioso, tinto alto, não vamos pegar no carro a seguir..

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

dormidas

coloquei a chave à porta e cheirar a madeira, pensei que a empregada da vizinha esteve a olear as portas. abri ligeiramente a porta e voltei a livrar-me: a cama chegou! a nossa cama! a anterior já era nossa, escolhemos juntos, mas foi uma promoção maluca da moviflor, gostámos de tudo mas não pensámos em nada ao pormenor, nem era preciso. quase treze anos depois, o osteopata diz que o melhor é mudar de colchão, não resolve o meu problema de coluna mas pode ajudar no dia a dia. realmente estava muito velho e ouvia as molas com frequência. depois a altura, por ser baixa, sentia que me cansava imenso as costas e corpo, sentar e levantar, considerando ainda que me levanto ainda muitas vezes. comecei a pensar nisso. desde sempre que ouço o A dizer que gostava duma cama grande, dois metros por dois metros. achei graça mas pouco funcional, mas mais que tudo, não sabia onde a encontrar a preços razoáveis, mais o colchão e ainda os lençóis e restantes têxteis. decidimos agora pensar mais ao pormenor. ele queria dois metros de largura, eu queria gavetas para arrumação. mas também queria um quarto não atafulhado, por isso não queria mais mesas de cabeceira, mas queria uma cabeceira de cama das largas, com arrumação na lateral. não encontramos nada nas lojas normais, no fundo sabíamos que tínhamos de abdicar de algo, havia tantas variáveis.. e se na próxima casa a cama não cabe? então abdicamos da largura. mas depois chego à IKEA e ao escrever o código do colchão vejo que há de um metro e oitenta de largura, pergunto se tem disponível e quais as camas. e assim mudamos os planos e o modelo da cama, não veio uma cabeceira com arrumação, mas vieram gavetas para baixo, tive também certeza ali que o A não estava apaixonado pela ideia. veio o melhor de dois mundos, eu trouxe arrumação e altura da cama, ele trouxe vinte centímetros a mais!

estou desejosa pelo próximo domingo, acordarmos todos tarde, irmos todos ronronar para a cama dos papás, já cabemos melhor os quatro!

por outro lado, já há uns dias que a D falava que tinha de ir para a cama grande, sem sermos nós a puxar assunto. hoje antes da banhoca perguntámos, acentiu, arrumamos a cama (colocamos um edredon só para os pés, composemos o lençol para abrir mais abaixo, coloquei a cabeceira do lado de fora para ela sentir-se mais segura. jantar, brincadeira, leite e música, o A deitou-a na cama grande, com a almofada dos grandes que trouxemos sábado, virou-se para o outro lado como se tivesse sido sempre assim.

domingo, 2 de agosto de 2015

I AM CAIT

"A mulher não se vestirá de homem, nem o homem se vestirá de mulher. Aquele que o fizer será abominável diante do Senhor, seu Deus"
Deuteronómio 22.5 (na Bíblia)


confesso que pensei que o programa fosse sobre a transformação do Bruce em Cait, nas operações e lutas interiores. hoje vi que vai muito além. as reacções da família, o apoio à comunidade.. e quando a mãe, uma senhora já com idade avançada, fala sobre o versículo acima, com lágrimas nos olhos, confesso que conferi legitimidade ao programa. e sabendo eu, que sei, a importância que a Bíblia tem para um crente, mesmo que as palavras pareçam desadequadas aos dias que correm, e quando vejo essa mãe falar de amor incondicional para com a filha transgenere.. vejo-os já como pessoas apenas, e não como socialites num mundo tão diferente do meu. acho importante o trabalho que ele está a tentar fazer, usando a voz que tem.

nunca segui os Kardashian de perto, mas pelo pouco que vi, fico a pensar no caminho que aquela pessoa percorreu, só após ter (acho) quatro filhos grandes é que se assume. uma vida inteira de mentiras, a viver uma personagem que não era ele (ela).

tenho uma amiga de escola (assim a considero apesar de não nos vermos há tantos anos) que é transgenere. lembro-me quando, à porta da escola me disse que se tinha assumido. na altura talvez ainda perdida com a falta de apoio em conseguir perceber-se a si própria, assumiu-se gay, só muito mais tarde, mulher. lembro-me de lhe ter dito algo do género "sabes, eu gosto muito de ti, mas a minha religião.." . que coisa mais despropositada de se dizer. desculpa P! que egoísmo de minha parte, não queria ter qualquer problema com Deus e achei que dizer aquilo era o melhor. que falta de visão, de humanismo, que cabeça dura, que falta de amor! estamos sempre tão centrados na vida dos outros que criticamos o que percebemos e o que não percebemos, esquecemo-nos de olhar para nós mesmos. mais tarde, vi-a no telejornal, ainda sem a operação de mudança de género, e a partir daí, ao longe, fui acompanhando algumas lutas - as operações, situações familiares, a luta pelo nome, o apoio que sempre teve da avó, a reconciliação com o pai.. histórias que ouvi inacabadas e tristes há vinte anos atrás, agora com uma resolução feliz. li várias coisas que escreveu, vi vários programas onde entrou, o cuidado que tem naquilo que diz publicamente devia servir como exemplo para pessoas que aparecem diariamente em público, sem respeito por telespectadores, ou por eleitores... o que fica, acima de tudo, é uma admiração enorme, e também orgulho, por ter privado, há muitos anos, com alguém com muita força e muita coragem.

"agora permanecem estes três: a fé, a esperança e o amor, mas o maior destes, é o amor"
1 Coríntios 13:13 (na Bíblia)

quinta-feira, 30 de julho de 2015

simples

separar um pequeno molho de documentos para digitalizar e livrar-me dos originais. passado muito tempo, aproveitar uma insónia e digitalizá-los. demorar cerca de uma hora e meia, e achar que o molho nem tinha meio centímetro de altura. pensar que antes de separar documentos para digitalizar, tenho de pensar mais seriamente na sua necessidade. acabar e estou cheia de sono, olho para as horas e só falta cerca de trinta minutos para o despertador tocar (já sei que se me deito com tão pouco tempo, o acordar corre muito mal). aproveitar para passar a ferro.

DICA: digitalizar é uma excelente forma de ficarmos com informações sem gastar o espaço em formato papel. Mas demora tempo (muito, se pensarmos não só na digitalização mas na organização do PC ou ferramenta que usamos. diminuem os documentos antes de criaram os de formato digitar.

sábado, 25 de julho de 2015

as avós são sobrevalorizadas



gosto das conversas que ouvimos pelo caminho. saio da estação de comboio, qual manada, com dezenas de pessoas a fazermos a mesma avenida a pé. entre umas mais rápidas que outras, umas que chegam ao trabalho em prédios mais perto que outras, umas que param para um café, a manada vai-se reduzindo pelas estradas que vou atravessando e às tantas, começo a ouvir sempre as mesmas duas ou três vozes muito perto de mim. não são sempre as mesmas pessoas. mas são pessoas que, naquele dia, partilham uma história com quem vai atravessando as mesmas estradas, ao mesmo tempo e ao mesmo ritmo que elas.

hoje, de repente oiço.
                - eu não dormia. a minha avó é que tinha paciência para me dar colo e adormecer-me. achas que a minha mãe tinha paciência para isso? claro que a minha avó não ia trabalhar no dia seguinte..

sexta-feira, 24 de julho de 2015

papel de quadro no frigorífico

com a cadeirinha da papa da D mesmo ao lado do frigorífico, cedo surgiu um risco. pensámos no que poderíamos colocar no frigorífico para o proteger. finalmente, já com outra cadeirinha da papa e com outra criança lá sentada, fizemos a alteração!


quinta-feira, 23 de julho de 2015

mudar hábitos

há uns anos atrás, via que as sandálias que calçava estavam descoladas e pensava que tinha que as ir deixar ao sapateiro. chegava a casa e arrumava-as no mesmo sítio (não tenho uma zona para guardar coisas para arranjo). passado uns dias voltava a calcá-las e só na rua reparava que elas estavam descoladas. chegava a casa e repetia o anterior. passado mais uns dias pensava em calçá-las e lembrava-me que estavam descoladas mas, a roupa que já tinha vestido ficava bem com elas e não era por mais um uso que ia ficar descalça na rua. eventualmente, perto da estação seguinte lá as levava ao sapateiro, chateada por ter de arranjar coisas mas também não ter ido antes.

hoje, vejo que as sandálias que estou a calçar estão descoladas, chego a casa e ponho-as num saco preso no puxador da porta de entrada. levo-as comigo de manhã, passo pelo sapateiro entre o comboio e o trabalho, reparo que hoje abre mais tarde. deixo o saco visível na minha secretária, saio exactamente à minha hora, passo pelo sapateiro e deixo as sandálias. é preciso pagar logo e vou num instante ao MB ali perto, volto e pago, vou para a estação e, como sai logo as cinco pensando que poderia haver algum imprevisto, apanho o comboio que apanho todos os dias :)

organização vs arrumação

confunde-se muito as duas. espera-se que alguém desorganizado seja desarrumado e quem é organizado tem de ser arrumadíssimo.

ontem os vizinhos bateram à porta, deram a prenda de aniversário do S (e outra para a D, que informei que seria a última vez).

estava envergonhada, como estou sempre nos últimos tempos, com a casa suja e desarrumada. os miúdos brincavam e decidiram mudar de brinquedos, ou seja, mudar dos brinquedos da D para os brinquedos do G. como sempre, casa impecável. conversa puxa conversa e estamos nós a falar de roupa do G, da vizinha estar a pensar comprar outro armário de roupa para ele, que tem muita roupa e ela já não sabe como arranjar espaço.. abre o roupeiro e tem lá roupas de seis meses, quando o G já fez três anos há uns meses. a metade do roupeiro que cabe à D, tem menos espaço que todo o espaço destinado ao G (roupeiro e dois móveis de gavetas) mas as regras sobre a roupa deles são: tem de estar tudo no quatro deles e o que não serve não está no roupeiro (está ou num saco para devolver - tenho logo vários sacos com nome de quem emprestou, ou separado para dar ou vender)

não somos todos iguais, e não faz mal. temos é de valorizar mais o que cada um é.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

é oficial

hoje, ao passar por uma colega, diz-me: estás mais magra, estás muito mais magra.. a roupa está a começar a boiar. já passámos por isto há uns anos.

coincidência, ou não, sei desde ontem que estou oficialmente dentro do IMC dito normal!!

:)

a repensar rotinas (todas elas!)

sábado, 11 de julho de 2015

S's first party

e tudo correu bem!

sexta-feira, 10 de julho de 2015

um ano (aliás, mais de três a dormir mal)

o S fez ontem um ano. passeamos entre o Koi Parque e Cacilhas, brincámos, tiramos algumas fotos e até houve mini bolo e vela e prenda da mana (que a própria escolheu) e outra dos papás, com a mana promovida a ajudante de desembrulho e da sopragem.

eu, por aqui ando com insónias. não percebo. estupidamente cansada, fecho os olhos em qualquer lado, e depois é isto. o miúdo acorda a meio da noite para comer e eu acordada quase duas horas depois.

será efeito-contrario-e-estúpido do excesso de cansaço, nervoso pela festa, por ter descoberto que o S faz anos em altura de férias e muitas pessoas vão faltar? será pelo bolo correr mal (isto é mesmo), ou faltar comida? será fome?

terça-feira, 30 de junho de 2015

S com onze meses

prestes a fazer onze meses, o S está de férias em família, tal como aconteceu com a D aos onze meses.
lembrar isto faz-me saber coisas que a D já fazia aos onze meses e que o S não faz, claro que há coisas que o S faz que a D não fazia, mas essas não são preocupantes e por isso nem as noto. só os comparamos verdadeiramente a dois, em privado, e para temas que nos preocupem realmente, com a nossa pediatra.
por muito que saibamos que cada criança é única, vai sempre ficar o sentimento que o S travou repentinamente o crescimento, durante quase dois meses teimou, durante três semanas nem uma grama. o sentimento que se eu conseguisse gerir os sentimentos doutra maneira, talvez o impacto não fosse tanto. entra também o sentimento que é por isso, e não pelas características dele, que ainda não anda. passará quando andar e falar mais, quando a minha cabeça achar que os médicos já podem medir com certezas, que ele está bem.
mas prestes a fazer onze meses, mostra-se cheio de personalidade. é muito doce mas aprendeu à pouco que os gritos estéricos dão-se quando qualquer coisa lhe desagrada.
mete-se imenso connosco e desde o primeiro mês que delira com a irmã. a cumplicidade já existe há muito tempo mas podemos ver a crescer a cada dia.
ao modo dele, diz mamã, papá, Débora (que às vezes sai Deda e outras Beba), água, vovó, popó, pé (adora pés!) e imita imensos sons e palavras quando está para aí virado. parece saber que uma grande arma dos homens é o charme e usa-o todos os dias. adora correr atrás da mana (agarrado a andadores humanos), adora sons, músicas (qualquer que comecemos a cantar, desmancha-se a rir e a bater palmas), não se assusta com nada - há dois dias num restaurante um grupo grande começou a gritar ao fazerem pose para uma foto e ele achou que estávamos em festa, começou a bater palmas enquanto gritava "Heeeee!".
a maioria das refeições passam com ele aos gritos. parece sempre querer algo que não tem, ou de um modo que não tem. e no primeiro dia destas férias, numa altura que ele volta a comer muito mal, percebemos que o que ele quer mesmo é participar, damos-lhe um bróculo cozido para a mão e ele vai trincando, enquanto a meio lhe damos outras coisas com a colher - corre muito melhor.
e no restaurante do hotel, num dos últimos dias destas férias, um senhor idoso vem ter conosco ao acabar a sua refeição e diz
"este menino parece um passarinho na gaiola, enjaulado, a querer tanto voar"
fez-me tanto sentido. sinto-o tantas vezes enjaulado na frustração de não conseguir explicar-se, de não conseguir ir onde quer quando quer. e espero conseguir entendê-lo cada vez melhor enquanto ele não se explica como deseja.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

the laundry

sempre tive uma relação amor ódio com toda a gestão de tratar da roupa (tão melhor dito em inglês: do the Laundry).

adoro pôr roupa a lavar, separá-la metodicamente, esvaziar o cesto. detesto pôr o detergente. adoro quando a máquina acaba e eu separo as peças para as estender, por ordem, primeiro as maiores depois as mais pequenas, roupa interior na corda de dentro e sempre entre outras peças (para não ser muito visível para os vizinhos ou olharapos) cores parecidas juntas com cores parecidas. e com as molas todas iguais.

não adoro apanhar roupa, mas detesto se fica toda machucada.

sufoca-me as montanhas de roupa para passar mas detesto detesto passar a roupa a ferro.

e prefiro ter roupa para passar do que roupa suja. adoro ver o cesto de roupa suja vazio. é tão raro, e este domingo foi o dia.

eu pecadora me confesso

arrumei os sacos da reciclagem, bem dobrados, na despensa, desde a altura em que a D começou a gatinhar, diminuímos os riscos.

Coisas q deixei (momentaneamente) de fazer desde q surgiram a Piolha e o Piolho. porque a ecologia é importante, mas estarmos com uma casa kid's friendly também.

domingo, 21 de junho de 2015

recuperar o meu (nosso) quarto ou o S foi dormir no quarto com a D

habituamo-nos rápido às necessidades. habituei-me tanto a ter uma luz mínima na mesa de cabeceira (tapada por uma toalha turca e escura) que ao retirar a toalha, tive de voltar a pôr uma parte.

tenho vontade de trazer o portátil para a cama, de ficar a ler sem esforçar em demasia a vista, de (loucura) acender a tv do quarto. shiiiiiiiiiiu! o S foi dormir com a D pela primeira vez. shiiiiiiiiiiu, vamos ver como corre sem lançar foguetes nem fazer planos.

para a logística:
. já tínhamos falado com a D sobre esta possibilidade mas o contexto incidiu mais na mudança da cama da D. hoje falamos de dormirem os dois no quarto.

. nunca perguntámos à D se ela queria que o mano fosse, ou o que ela achava. não queríamos dar possibilidades que não queremos que existam. percebemos que ela estava com receio de ser obrigada a ir, de repente, para a cama grande. tentei explicar.

. perguntamos se ela nos ajudava a decidir onde ficava cada cama, e assim foi. tiramos a cadeira de baloiço do quarto deles e disse "D, esta cadeira vai para o quarto dos papas porque aqui não cabe, quando fores para a cama grande já vai haver espaço".

. depois de tudo colocado, perguntou se ia dormir na cama do mano, disse-lhe que a cama dela, até ela querer ir para a de crescidos, é a de grades, por isso era ali que dormia. veio a correr e estendeu os braços e disse "obrigada mamã"

. como a luz pequena do quarto deles está longe da porta, coloquei outra no chão mesmo à porta para ser fácil e rápido acender uma luz fraquinha.

. deitamo-los à hora habitual, com ambos ainda meio acordados. sossego até agora (quase duas horas passadas).

sábado, 20 de junho de 2015

finalmente...

juntaram um babygrow a um pijama e ficou giro! não resisti.

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quinta-feira, 11 de junho de 2015

party mode

entramos oficialmente nos preparativos da próxima festa!

sábado, 6 de junho de 2015

tempo para mim (nas férias a quatro)

chego à conclusão que o cansaço distrai-me em mais coisas do que sabia. agradecer mesmo quando estou muito cansada e não vejo motivos.

o que pode melhorar mais as férias do que o maridão oferecer um voucher de spa, para me mimar enquanto ele fica com as duas crias? bem.. ele com sorte, eu com um pouco de ciúmes dos bons, mas especialmente eu a ficar muito mais descansada, as crianças dormiram as duas horas que estive fora.

como foi oferta, lá me rendi às unhas de gel e.. ouro ouro.. uma massagem de óleo de chocolate! daquelas de entrar em êxtase várias vezes, não saber sequer se estive ou não sempre ali, se adormeci ou fui passear.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

a quatro

as nossas primeiras férias a quatro. reservamos três dias mas já estão marcados seis. se o sol estivesse mais quente, seria total perdição, fomos comprar umas peças de roupa quentes meio à pressa. mas se esquecer os limites do local e se achar que é tudo muito maior, podia perfeitamente estar na República Dominicana.

a D está na idade dos receios e tem medo quando a soltamos um pouco do nosso colo no meio da piscina, mas de seguida está a dizer que vai nadar sozinha. o S, que tal como a mana sempre adorou água, ri-se quando o abanamos na piscina e chora quando sente que o estamos a tirar.

já nos chamam "pais dos meninos simpáticos" "mãe da menina loura", metem-se muito com eles e deixam-nos super babados. ouvia muito a minha avó " quem meus filhos beija, minha boca adoça ", queria dizer-lhe que agora o sei, sinto!

não sei se a D cresceu na última semana ou se ando desatenta. está tão crescida. no primeiro dia disse que não queria ficar, queria ir para a nossa casa verdadeira, agora diz que gosta de tudo, incluindo a própria casa de férias.

questiono-me se poderíamos viver aqui, com o frio do mar, com piscina de interior para brincar todos os dias, relva para correr, ambiente descontraído, zonas calmas mas não desconhecidas. questiono se poderíamos viver num T1 com kitchinet e com muitas janelas :)

terça-feira, 2 de junho de 2015

por aqui

numa altura em que só penso em vivendas, venho ter a um aparthotel muito muito cosy mas... subo dois andares! estou agora sentada no sofá e duma forma calma e bonita, vejo a casa toda. gosto.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

férias com miúdos - keep it simple!

levantei-me já com a certeza que não voltaria a dormir sem uma muda de fralda e um biberon dado. o despertador dizia que tinha faltado a luz (será que a loiça lavou?), o telemóvel dizia quatro, ou cinco, da manhã. será que já eram quatro?

após quase seis meses sem interrupções e muita muita intensidade no trabalho (além, claro, do que significa sempre voltar ao trabalho após um ano, entre baixa e licença), há muito que não me lembro de estar tão feliz por estar de férias. mas também confesso que um nervoso miúdo se tem apoderado de mim. com dois filhos tão pequenos, achei até que me podia dar ao luxo de ter insónias!

as primeiras férias fora de casa a quatro. a D, rapidamente a correr para os três anos, feliz da vida, apesar de tentarmos não falar muito sobre férias à frente dela para gerir espectativas. o S, quase onze meses, está na mesma idade que a D tinha aquando das primeiras férias a três. a personalidade mostra-se mais a cada dia. gozão! a cumplicidade entre os manos é indescritível. o tempo voa.

já reli e refiz a lista de coisas a levar muitas vezes. primeira grande decisão: não levar carrinho do S! temos cadeira para restaurantes e marsúpio para passeios e braços para quando for preciso.

temos novo livro para colorir com autocolantes (não me posso esquecer das canetas), livro novo de história, brinquedos que já não vê há algum tempo. pouca memória no telemóvel mas cheia na máquina. e paciência.. espero que apareça muita e rapidamente.

roupas para praia e piscina, para dormir e passear, verão mas com extras caso esteja frio, e com extras caso se sujem. tudo nos mínimos porque roupa e higiene vai tudo numa só mala - para os quatro!

falta uma hora para o despertador tocar. durmo ou não? luxo já é mesmo achar que posso não dormir.

sábado, 30 de maio de 2015

mundo rosa

acabei de ver o ultimo episódio da décima primeira temporada de Anatomia de Grey. percebi porque a minha amiga K desconfia que poderá não haver mais temporadas. de qualquer forma, a Shonda, nalgum dia vai ter de se perguntar "até quando?".

antes da licença de maternidade do S acabar, senti medos. vários já tinha experimentado com a D - quem a vai tratar melhor que eu, como vou passar o dia de trabalho, eu não desejaria ficar em casa...? e houve os medos relativos à multiplicação - a minha mãe conseguirá estar bem com os dois, como vou conseguir despachá-los para conseguir dormir o suficiente, ou para sair de casa e chegar a horas no trabalho, eu não deveria ficar em casa, ...? mas houve também os medos do mundo cor de rosa - estar quase um ano com baixa e licença em casa significou não precisar de sair quando estava muita chuva, sentia muito calor, não precisar de me lembrar do stress do dia a dia do trabalho, nem das pessoas ou de tudo o que não gosto. significou ler muito e ver TV como nunca tinha visto. ler blogs e artigos bonitos sobre quem trabalha por conta própria e consegue, quem cria coisas com as próprias mãos, quem tem muitos filhos pequenos e mantém-se sã. os programas da manhã (quem diria?!?!) em que mudava quando não queria saber de algo mau, a Anatomia de Grey, Parenthood, Uma família muito moderna, Scandal, The wife, The trophy wife, tantas outras - e se acredito demasiado nas pessoas, na sua bondade e boas intenções, se me vêem como parva, se me vejo como parva?

mas ver muito mundo surreal tem-me mesmo ajudado a saber como agir no mundo real.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

a pensar nas férias

fui comprar soutians. metida nos cubículos com espelhos enormes e luzes fluorescentes em que tudo se vê ao pormenor, assustei-me com a minha barriga. preciso mesmo começar a fazer exercício. também precisava dum bikini, tinha gostado de um numa loja e fui. mas cheguei e decidi que ir também por outro caminho. fato de banho. apesar de hoje em dia haver vários engraçados, faz-me sempre pensar em mulheres velhas. não só pela idade mas também por se esconderem, não aceitarem quem são por dentro e fora. mas, a apenas dias das férias, também tenho de assumir que estou a emagrecer mas ainda não estou bem, que foram duas vezes nove meses e com apenas 22 meses de diferença, de pele esticada e comigo toda de outro tamanho. tenho de assumir que neste momento continuo a não cuidar de mim, mas tratar-me bem ajuda-me a cuidar de mim. e não é que saí de lá com algo moderno, sexy mas sem demasias, delicado até. vejo-me perfeitamente a correr atrás da D e a pegar no S, com ele aos saltos, e continuar impecável e confortável. e não é que comprei um trikini?

quarta-feira, 6 de maio de 2015

o parto caseiro do S (finalmente)

tudo começou terça-feira, oito de julho de dois mil e catorze pelas dezassete horas. consulta de obstetrícia às trinta e oito semanas e um dia. toque com descolamento da membrana. soube perfeitamente o que a obstetra estava a fazer sem ela dizer. mas sem qualquer dor. fê-lo porque o colo estava pronto, já havia dilatação, o miúdo estava pronto, era o segundo filho, e nós estávamos prontos. fomos buscar a D à avó, regressámos a casa, o A deu-lhe banho e preparou o jantar enquanto eu a vestia ou fazia pequenas coisas, já não me lembro. sentia-me esquisita, tal como me senti todo o dia. comi o mínimo só porque sabia que tinha de ser. à mesa reparei que o incómodo era um pouco mais do que incómodo. tentei pensar no respirar corretamente e esquecer o resto. um bocadinho de mimo e despachámos a cachopa para a cama. mas ela parecia adivinhar que era a última noite como filha única, não se queria deitar. eu estava muito cansada, mudei de roupa, tirei as lentes e levei a D para o sofá comigo, era um dia isolado e a D iria adormecer ali no sofá, junto à mãe e à barriga da mãe com o mano lá dentro, uma última vez.


não. tudo começou quando sonhámos com uma família de quatro. pensando nisso, parece que sempre o soubemos. e talvez pela D ter demorado a chegar, e talvez por me sentir tão abençoada com toda a saúde e perfeição dela, tive o pesadelo, acordada ou a dormir, já não sei, em que só tinha direito a um filho perfeito e com saúde. tentei ignorar este sentimento quando o senti pela primeira vez, tentei ignorá-lo quando decidimos tentar engravidar novamente, tentei ignorá-lo enquanto pensava que iria ser igualmente difícil ou demorado engravidarmos sozinhos. mas engravidei em tempo pacífico. na segunda ecografia, cerca das oito semanas, em que já se consegue ver o corpo do bebé, estava com medo de olhar para o ecrã. a minha pergunta à obstetra foi “tem dois braços e duas pernas?”, disse-o com riso nervoso. parecia que estava a brincar e não emendei, mas não me sentia nada a brincar. algumas perguntas deste género foram surgindo ao longo das várias consultas. falei muito com Deus e ia eliminando os vários receios nas várias conversas. tinha dois braços e duas pernas, o rastreio bioquímico demonstrava perfeição, todas as medidas das ecos diziam que estava tudo bem. mas sei que nunca fiquei completamente descansada, e com todos estes elementos, sobrava o parto – o parto parecia ser o que iria ditar a tal imperfeição que o meu cérebro teimava confirmar. no dia oito de julho de dois mil e catorze perguntei à obstetra que tipo de problemas podiam surgir no parto que prejudicassem o bebé. como é que eu deveria agir se ocorressem, quais as estatísticas atuais em Portugal... eu sabia as respostas (à exceção da última), mas precisava que ela me dissesse. ela respondeu a tudo pacientemente, com um olhar de mãe de dois, que já sentiu o mesmo.

não. tudo começou ao ler a Luiza e outras mães de partos naturais. sempre me atraiu o parto dentro de água, mas passou-me quando a minha enfermeira da preparação para o parto nos falou dos riscos, especialmente, se houver necessidade de mover a mãe quando o bebé já está em determinada posição. mas respeito imenso partos sem epidural ou outras ajudas e uma parte de mim sempre quis experimentá-lo. não sei bem a razão. nunca tive uma visão cor de rosa do parto, antes pelo contrário e nunca achei que teria algum tipo de experiência quase sobre-humana. no entanto, com o parto da D, fiquei com a certeza de ser possível termos um parto calmo, estarmos concentradas, aproveitarmos, mantermos a consciência em perfeito juízo, não nos passarmos, aproveitarmos cada momento daquele momento em que trazemos um ser humano, nosso, ao mundo. mas ter a coragem de decidir ter um filho sem drogas, isso é outra conversa. e sempre soube que iria sempre querer e pedir epidural.

afinal, tudo começou quando comecei a ter alguns receios sobre o parto. coisas físicas mesmo – no parto da D, a epidural retirou a dor da contração, mas não me anestesiou a zona da vulva e vagina como deveria. tentei perceber porquê e fiquei com uma indicação, quando levasse o último reforço de epidural (aquele que pedimos quando já sentimos necessidade de fazer força), levá-lo sentada e não deitada para o medicamento fazer melhor efeito na zona vaginal. e outro receio físico, como ficariam as minhas costas após um segundo parto? após a D nascer. os meses foram passando e a dor da ciática não passou (nunca tinha tido antes de engravidar), aliás, após ela nascer piorou em relação à gravidez, ficou diferente. apanha o calcanhar, provocando dores e formigueiro. o pé e a perna ficam dormentes nos primeiros minutos após sentar-me. ficar sentada é um sofrimento, e o meu trabalho é inteiramente ao computador. quando engravidei do S, achei que devia pedir opinião sobre impactos dum segundo parto na coluna. os médicos não foram unânimes e supostamente, se o problema que tenho piorasse com o parto, alguém escreveria o documento ao hospital - que por ser público, não iria fazer uma cesariana sem recomendação escrita e justificada do médico. mas após falar com a minha enfermeira da preparação do parto, e após ela levar o último raio-x e tac para colegas dela verem, decidi que não iria preocupar-me mais. não queria cesariana. não tinha conhecimento do futuro para saber se realmente ficaria pior ou se aquilo que me faz mal é a gravidez ou o parto.

não. tudo começou quando me apercebi de certas diferenças entre gravidezes. sou a última de quatro irmãos, sou aquela que tem poucas fotos de infância, sou aquela que tem o álbum de bebé com uma ou outra foto solta (nem coladas estão) e praticamente só com o nome escrito. não quero isto para o meu S, não quero este tipo de diferenças entre os meus dois miúdos. mas, na prática… não tirei muitas fotos durante a gravidez, não consegui conversar tanto, dar atenção, colocar música para a criança ouvir, ler. até a eco 4D não conseguimos fazer, porque o miúdo estava em posição desfavorável, nem tratar da criopreservação das células estaminais (que me informaram erradamente que o banco público ainda estava encerrado). então, o miúdo decidiu – se não tenho muitas fotos, se não tenho 4D, vou ter uma história boa, muito boa!

ali no sofá, de lado, com a D enroscada a mim, senti uma contração. pequena. respirei fundo. se me concentrasse e respirasse pelo diafragma e pelo útero, a contração acalmava. fi-lo com alguma facilidade. mas logo de seguida outra. e outra. pego no telemóvel e espero pela próxima. cerca de dois minutos e meio de intervalo. o tipo de dor não deixava dúvidas, grave na zona do útero, aguda na zona dos rins, vem e vai. já tinha sentido isto, estava a começar, o nosso menino estava a chegar. grau de dor: razoável (eu sei que é de zero a dez, mas não sei medir). disse ao A o que se passava, devia rondar as vinte e duas horas. aguentei-me, não sei quanto tempo, levámos a D para a cama dela. faltava preparar algumas poucas coisas, as minhas lentes de contacto e óculos, os biberons da D, para levarmos para a minha mãe, coisas que usamos diariamente e por isso não poderíamos preparar com antecedência. disse ao A para telefonar ao chefe e dizer-lhe que não iria trabalhar no dia seguinte. disse ao A que deveríamos ir para o hospital de manhã. levantei-me do sofá para ir preparar as tais últimas coisas. instantaneamente percebi que afinal, a dor não era razoável. pedi ao A para telefonar à minha mãe, dizer-lhe que íamos levar a D e estaríamos lá dentro de cerca de uma hora.

ao olhar para trás, acho hilariante o facto de ter estado sempre na tentativa do controlo. a situação mudava e novo plano surgia na minha cabeça, sempre muito nítido e lógico, e lembro-me de ficar feliz pelo meu cérebro estar em funcionamento.

tentei contar a duração da contração, cerca de vinte segundos mas senti que não contei bem. chamei o A e pedi-lhe para contar, trinta e dois segundos, por aí. e ele contou cada um em voz alta. eu a respirar fundo, queria muito que ele se calasse, mas se dissesse na altura, a coisa não ia correr nada bem. quando passou, pedi-lhe para contar outra vez

“conta só para ti, por favor”. assim foi, trinta e cinco segundos.

em poucos minutos, estava eu, feita barata tonta, nos últimos preparativos, sem conseguir pensar corretamente, e, cada vez que vinha uma contração, baixava-me. se estivesse ao pé do sofá ou da cama, ficava de joelhos apoiando os braços, se não, ficava de gatas. o respirar fundo era sonoro, incomodava-me a mim própria. já não conseguia respirar com a correção necessária ao ar chegar aos músculos do útero. pedi ao A para quando estivesse com uma contração, fizesse pressão nos meus rins, muita pressão. pedi ao A para não falar comigo, a não ser que fosse muito necessário. pedi ao A para não falar comigo se me visse de gatas. estava a tornar-se insuportável e foi um alívio quando finalmente os preparativos terminaram. pedi ao A para ir comigo à casa de banho, que ia tomar um duche (lady que é lady…), foi muito rápido, praticamente passei-me por água, tinha cada vez mais noção que tinha que me despachar. saí do duche, voltei a pôr as lentes de contacto – nem pensar que o meu filho ia nascer e eu não o ia ver bem!

- já está, vai buscar a D.

- a que manta a enrolo?

fui ao quarto dela para vermos juntos a melhor manta, tentava fazer tudo o mais rápido possível, estava com o constante sentimento de urgência e só queria sair de casa a caminho do hospital. mas há uns minutos que achava que ia correr mal, com aquele tipo de dor, no carro, mas não sabia o que fazer. saí do quarto e no corredor, senti uma ligeira pressão e depois água.

- ai amor.. as águas rebentaram.

não sei se foi nesse segundo, mas decidi que os planos tinham de mudar.

- A, mudança de planos. vai tu sozinho levar a D à minha mãe, eu telefono para o 112 e eles vêm-me buscar. encontramo-nos no hospital.

peguei no telefone, marquei 112. sentei-me na sanita, como se as águas rebentarem significasse que tinha que fazer xixi. o A saiu só quando me viu a falar com o INEM, com a D embrulhada no cobertor quentinho. mudei de cuecas.

esta decisão, como as outras dessa noite, foram para mim as mais lógicas possíveis. antes das águas rebentarem, comecei a questionar se aguentaria a viagem de carro até ao hospital, em posição sentada e com contrações já a cada minuto. mas na altura, era isso que nos fazia sentido e por isso nem deixei que esse pensamento crescesse, tinha de fazer o que tinha de fazer. mas ao rebentar as águas, percebi que já não conseguia controlar tudo, não estava nas minhas mãos. não me passou pela cabeça que o pai do meu filho e o meu companheiro de vida, poderia não estar ali para me apoiar e para ver o filho nascer. ou que não deveria ficar sozinha. muito menos fiquei nervosa ou tive medo. não tive tempo. não era opção. apercebi-me depois que, até ao momento em que o A e a D saíram de casa, eram eles a minha prioridade, e não eu ou o parto. sei que o S era prioridade, mas em parte sabia que não tinha de me preocupar. apercebi-me depois que sentia ser absolutamente necessário a D não estar exposta ao que se ia passar, e que não podia preocupar o A com o que estava a sentir. se ele soubesse, podia preocupar-se comigo, quem sabe, questionar as minhas decisões. tudo isto inconsciente.

- boa noite, estou grávida de trinta e oito semanas e um dia. fui hoje à obstetra que fez o toque e só à pouco me apercebi que já estou com muitas contrações. estou sozinha em casa.

ajoelhei-me no chão. comecei realmente a aperceber-me do peso do que se estava a passar no meu corpo.

- preciso que me diga de quanto em quanto tempo tem contrações e a duração. tem noção destas coisas?

queria responder rápido mas as palavras não saíam corretamente. queria acabar toda a conversa antes da próxima contração. lembro-me de ouvir muito a minha respiração.

- à bocado não chegava a dois minutos de intervalo e a última vez que contei a duração, passava os trinta segundos.

- preciso que se deite com o lado esquerdo para baixo e com uma toalha entre as pernas. não faça força. os bombeiros estão já a ir.

lembro-me de estar de gatas, com o telefone no chão, e como não me lembrei de ligar o alta-voz, eu falava perto do chão. só me lembro do respirar a ofuscar as palavras. desliguei. estiquei-me mesmo ali, no chão, à saída da casa de banho, num tapete redondo grande. o corpo ficava em cima, as mãos e pés sentiam o frio do chão. perfeito. mas quando veio a contração seguinte, já não consegui não gritar e consegui perceber o descontrolo em que estava. outra e outra contração. tudo muito forte e intenso. será que os meus gritos são audíveis? e o INEM que não chega? começar a sentir vontade de fazer força, não saber se posso fazer força e com isso, fazer mal ao meu filho.

novo plano. chamo a minha vizinha da frente, ela vai buscar um dos meus vizinhos enfermeiros (são um casal), não faço ideia da especialidade deles, mas hão-de saber ver a dilatação e dizer-me se posso ou não fazer força.

arrastei-me para a minha porta. felizmente o A tinha deixado no trinco e abri facilmente.

- J, J.. J.

a minha voz não saia no volume desejado. a porta deles parecia distante. estive sempre de gatas. arrastei-me para o móvel, agarrei o telemóvel e liguei à minha vizinha era 00:33 de dia nove de julho de dois mil e catorze. não atendeu mas eu tinha ideia que os tinha ouvido em casa. podiam estar já a dormir. recomecei a chamar, tendo certeza que tinha de ir até à porta e talvez tocar à campainha – não o queria fazer para não acordar o filho da idade da D.

abre parêntesis.
do lado de dentro da porta, o meu vizinho S, que tinha chegado muito tarde do trabalho, pensava mal do filho. “este puto, logo hoje não dorme.. e não pára de chamar pela mãe”. parou. e recomeçou “J, J.. J”. “mas porque é que o miúdo chama “J” em vez de “mãe”?”. decidiu ir vê-lo. de caminho passou pela porta de entrada e reparou que o som vinha de fora e não do quarto do filho. abriu a porta.
fecha parêntesis.

graças a Deus! pareceu-me que ele ficou uns segundos parado antes do “J, anda cá depressa” e quando a minha vizinha chegou, pareceu-me que ela ficou uns segundos parada antes de se aproximar de mim.

- o que precisas?

falei-lhe do meu plano dos vizinhos, ela concordou.

- a D?
- o A foi levá-la à minha mãe.

contei-lhe porque estava ali sozinha. tinha de repetir tudo o que dizia, falava muito baixo e lento. devem ter achado que estava desorientada porque perguntaram muitas vezes se eu tinha mesmo telefonado para o INEM. a J foi ao quinto e ao sexto andar (não temos certeza do andar onde moram os vizinhos enfermeiros) regressou rapidamente. ninguém atendeu. não tocou muitas vezes porque ouvia os meus gritos de lá e achou que não valia de nada insistir. entretanto o vizinho S tinha telefonado ao INEM, confirmou a minha chamada, os bombeiros tinham saído há 15 minutos, deviam estar a chegar.

dias depois, cruzando a história com a minha vizinha, apercebi-me que a partir deste momento a minha memória é muito selecta. parece que existe o que eu desejei fazer, e existe o que eu fiz.

lembro-me dela ter ido buscar almofadas e pedir-me para me deitar, não quis, fiquei o tempo todo de gatas. não queria gritar, mas não conseguia. mas não me preocupei com isso, nem com estar de gatas ali, nem na J não ser alguém muito próximo. na verdade, ser ela foi mesmo a pessoa que tinha de ser. somos vizinhas que falamos com alguma frequência e temos à vontade ganho por termos todos idades próximas e termos estado grávidas da primeira vez ao mesmo tempo. os miúdos e o condomínio aproximaram-nos, brincamos uns com os outros mas não somos íntimos. isto fez com que não me preocupasse com ela poder assustar-se com algo ou bloquear ou sofrer pela minha dor (como aconteceria se o A estivesse ali comigo), mas fez também eu não estar demasiado à vontade, inconsciente fez-me sentir muito responsável por lhe estar a pedir ajuda, e penso que isso me ajudou muito a estar concentrada na respiração e em escutar o meu corpo.

sem ter de lhe pedir, a J pressionava com muita força os meus rins a cada contração. dizia para eu ter calma. o A sabia que nunca jamais deveria dizer-me “tem calma” durante o parto, mas ser ela a dizer não me perturbou. ouvi-a dizer muitas vezes para não desmaiar. eu queria brincar e dizer “eu nunca desmaio!” mas parece que saiu “eu nunca desmaiei”

- se te sentires a desfalecer, deita-te de lado, não caias em cima da barriga.

porta de entrada aberta, eu ali mesmo na zona da porta. lembro-me dela estar ao pé de mim a pressionar os rins, a apoiar, a repetir coisas. mas lembro-me dela estar dum lado para o outro, como que a saltitar, a tentar descobrir o que fazer. não sei vários detalhes e a sequência de muitas coisas. lembro-me do vizinho S dum lado para o outro, com o telemóvel na mão, a andar rápido entre nós e a cozinha deles, a tentar fazer contas ao tempo, entre a altura estimada do meu telefonema e a hora actual. lembro-me de eu querer dizer coisas, piadas, desanuviar. mas sentia a voz moribunda. dentro da minha cabeça, havia muitas frases mas quando tentava pô-las cá para fora, tudo se arrastava. como já me aconteceu noutras situações de grande stress ou grande dor, digo muitos disparates e canto alto, mesmo não conhecendo quem está à minha frente. lembro-me de pensar que estava de gatas à frente do meu vizinho, e que não queria nada estar de gatas à frente do meu vizinho. sabia que era a única posição que aguentava (apercebi-me muito mais tarde que possivelmente foi a posição que me ajudou a não ter o S antes).

sentir uma criança a querer nascer. sentir cada contração. sentir dor indiscritível. sei que na altura a poderia descrever. sei que se pensar muito consigo saber. a parte grave e aguda ao mesmo tempo. não ter tempo para respirar e acalmar entre cada contração, mais do que isso, para me concentrar. parte de mim estava calma, consegui fazê-lo, tal como aconteceu com o parto da D, por não estar preocupada com o segundo seguinte. mas parte de mim achava que não aguentava muito mais. pouco tempo entre cada contração, já menos de um minuto. ter imenso medo de fazer força. gostava de dizer que tinha tentado escutar o meu corpo, mas não tinha a informação mais importante – tinha a dilatação completa? podia fazer força? iria fazer mal ao meu menino? felizmente a dor também afastava qualquer pensamento, a contração subia rapidamente, tentava estar concentrada e respirar, mas na fase final da contração, era impossível não fazer força. como numa dor de dentes, que quando damos por nós, estamos a fazer muita força para fechar a boca, parece que acalma a dor, até o momento em que temos de deixar de fazer força e sentimos muita dor. lembro-me de dizer à J que não estava a conseguir não fazer força. lembro-me de dizer em voz alta “Deeeeeeeeeeeeus”.

lembro-me da força que estava a sentir, sabia que era a cabeça do S a descer. aquilo que a D parecia não querer fazer, estando com o braço à frente da cabeça não descia convenientemente. com o S, eu a tentar não fazer força, e a criança descia quase sozinha. e a contração parava. tentava respirar mas respirar doía. e se não tivesse dilatação e já estava a fazer força, e se fizesse mal ao meu menino, e se a ambulância tivesse tido algum acidente e ninguém aparecesse rapidamente? fracções de segundo. e vinha outra contração. não querer fazer força. tudo de novo.

- JÁ CHEGARAM os Bombeiros.

ouvimos o vizinho S, que começou a descer as escadas para lhes indicar caminho. na mesma altura, a J correu para a minha janela da cozinha para os ver, acho que ela própria não sabia o que ia lá fazer. “PUM”. comecei a rir-me. a J achou que a janela estava aberta, e quando eu voltei do hospital, ela ainda sentia o nariz dorido.

estavam a chegar e eu conseguia aguentar mais um bocadinho. o A telefonou e a J atendeu, tinha chegado ao hospital, à procura de estacionamento. dentro da minha cabeça, pensamentos controversos. parece que acreditava que ia para o hospital, com relativa calma, com ajuda dos bombeiros chegaríamos lá, meio à pressa, o A iria encontrar-nos facilmente e juntos íamos passar a última fase para vermos o nosso Pulguinha nascer. mas no fundo sabia que não, tinha de saber se podia fazer força.

dois bombeiros entraram na minha casa, no mesmo momento calçavam luvas roxas. uma menina (uma senhora com ar de menina) e um senhor. “olá boa noite” com um grande sorriso e calma interessantes, bem, lembro-me de reparar que a bombeira parecia mais nervosa que eu, mas na altura não pensei nisso. pediram toalhas, eu tentei dizer à J onde estavam, mas ela já tinha ido a casa dela buscar.

nada como os filmes, que pedem água a ferver, toalhas molhadas, qualquer coisa para morder. nada.

na minha cabeça, acho que lhes disse:

- estou já com muitas contrações e seguidas e já houve vezes que tive de fazer força mas não sei se já posso fazer. preciso saber se já posso.

a minha vizinha diz que eu lhes disse:

- [qualquer coisa como] vamos já para o hospital, certo?

as toalhas foram colocadas no chão, lembro-me do bombeiro perguntar se eu não queria ir para a cama, disse logo que não. a ideia de me mexer era assustadora, e ia mesmo abrir a possibilidade de sujar o colchão e edredon e tudo? cama? não!

eu ao tentar deitar-me de barriga para cima, e vem nova contração. lembro-me que com tudo o que estava a acontecer, consegui não fazer qualquer força, feliz por estar concentrada. lembro-me de abrir os braços (ou imagino-me a abrir os braços qual Amália) e “drogas, dêem-me drogas!”

- olhe vou ser muito sincera consigo, não temos drogas que a ajudem neste momento, o pouco que temos não faria muito e já não há tempo. o bebé vai nascer aqui. – disse a bombeira que se ajeitava à minha frente, o bombeiro ligeiramente atrás e ao lado, mesmo à porta da casa de banho. aí percebi o nervosismo da menina bombeira – era ela que ia fazer o parto.

peço à J para telefonar ao A e logo de seguida oiço-a “A, vem para casa que o S vai nascer aqui”.

e nova contração.

- faça força, levante as pernas, está a nascer..

mas o que é que eles sabem? não percebem nada disto, eu estive uma hora e meia só na fase de expulsão no parto da D, após mais de 48 horas de contrações. acham mesmo que vai tudo acontecer na primeira contração após chegarem? também sei que muita da demora foi pela D vir com a mão à frente, eu fazia força e quando parava, a miúda subia, mas não há-de ter sido tudo por isso.. o meu corpo não é assim tão rápido. e a epidural… aquela dor não era suportável sem epidural e lembro-me de dizer “sem drogas não consigo”.

e nisto a J, que tinha os joelhos nos meus ombros a amparar-me

- está a nascer Rute, que momento lindo. [ouvi as lágrimas na voz dela e pensei que o A não se sentiria tão mal por não estar, alguém estava mesmo a fazer o papel dele, com choro e tudo. mas mais rápido do que este sentimento, o que ouvi mesmo, praticamente ao mesmo tempo que a frase dos bombeiros, foi a J a dizer:]

- ESTÁ A NASCER RUTE, QUE MOMENTO LINDO.

a minha vizinha J! a J eu sabia que não sabia. que o que ela percebe de partos, é o semelhante ao que eu percebo dentro da experiência de já ter tido um filho. portanto, medicamente falado, do lado de lá das pernas, ela não sabia. e se não sabendo, ela disse-me que estava a nascer, é porque estava a nascer. e ela provavelmente não sabe, mas foi aquela frase que me deu a força que estava a precisar para realmente aceitar que ia ser ali e que eu conseguia.

- segura-te aos meus braços e faz força.

era bom poder dizer que naquele momento de expulsão estava ciente e calma e a aproveitar o momento. não estava. será que alguém está numa situação destas? mesmo que sendo planeado (um parto sem epidural)? estava a gravar tudo, isso sim. não quis agarrar-me. e fui buscar forças àquele sítio sem nome que as mulheres e mães as vão buscar. o meu menino vinha mesmo aí. o bombeiro repetiu

- levanta as pernas.

conseguia lá eu levantar as pernas a fazer força ao mesmo tempo? nem conseguia sentir ou saber onde estava o neurónio para dar ordem aos músculos para levantar as pernas.

e ali, tudo ao mesmo tempo, tudo isto na mesma contração, senti o bombeiro a levantar-me a perna direita, ao mesmo tempo que continuava a fazer a força infindável que treinei tanto durante a gravidez da D, senti o S descer a alta velocidade e nasceu.

primeiro pensamento (durante o final da força) : “sacana que já me rasgaste”. segundo pensamento: “se a bombeira não te agarrasse nascias na sala, em vez do hall”. senti-o pequenino, senti que todos paravam de respirar à excepção de mim própria e senti uma felicidade e alívio enormes. a J passava-me as mãos pelos meus ombros e braços, a chorar e a dizer

- está tudo bem R
- eu sei, eu sei.

a verdade é que não sabia, naquela resposta não sabia que ele tinha nascido com o cordão a dar duas voltas ao pescoço. não sabia que aquilo que os profissionais mais temem nestas situações é o enorme risco da criança precisar de ser aspirada e eles só terem um pequeno desentupidor a vácuo. sentia que estava tudo bem. mas quando ela me disse que estava tudo bem, já eles tinham tirado o cordão.

veio para o meu colo rapidamente. e relembrei o que é um ser mesmo acabadinho de nascer ao nosso colo. muito quente e todo enroladinho e com um cheiro tão específico mas tão diferente do da irmã, e muito quentinho indescritível e meu.

várias pessoas me perguntaram se tive medo, como me senti por estar sozinha e mesmo quando deixei de estar sozinha, se não estava preocupada pelo A poder não assistir ao parto. naquele turbilhão, não me lembro sequer de ter pena do A não estar ali. nunca senti receio quando estava sozinha, nunca me lembrei do que o A sentiria por não estar a viver aquilo, nem de eu ficar triste por não estarmos a vivê-lo juntos. na realidade, nunca ponderei que isso pudesse acontecer. havia sempre algo na minha mente. um plano, uma estratégia a pensar. mesmo nos piores momentos das contrações, em que os bombeiros, médicos, alguém teimava em não aparecer, nunca pensei o pior, nunca receei que algo de mal acontecesse, nunca pensei no risco de ter um parto não assistido, de eu ficar mal, do S ficar mal... lembro-me de pedir a Deus para eles se despacharem, para Deus me ajudar a saber o que fazer enquanto não chegavam. lembro-me que a partir do momento que o A fechou a porta de casa, a minha mente esteve sempre a engendrar algum plano e concentrada o mais possível. mas os vários “ses” e especialmente “se algo correr mal” nunca me passou na mente, nunca sequer foi opção e não sei porquê.

depois, foi o turbilhão de hormonas. com a epidural não o senti. foi deixar de ter dores, foi falarem comigo e não ouvir, não perceber. pedirem um lençol limpo para embrulharem o S e eu insistir para usarem um sujo que estava na sala (lá fazia sentido sujar outro?!), pedirem gorros e não fazer ideia onde estavam, desmanchar-me a rir à gargalhada com o bombeiro, pedirem para tirar uma selfie e só ouvir na ambulância!

chegou o inem. com ar de maus e umas coisas nas mãos – pensei “mas vão filmar? não dei ordem de nada” – parecia-me as câmaras gigantes da televisão. ouvi as chaves muito perto e pedi para segurarem a porta, para o A não a abrir à bruta (que iria bater em nós). e o bombeiro abriu.

- tenha calma que a sua mulher e o seu filho estão bem.
- o meu filho? mas já nasceu? – já com a voz a chorar.

o hall estava cheio. o meu hall não é minúsculo, mas não é gigante. estava lá eu, a J, o S, a menina-senhora bombeira e o bombeiro, o senhor baixinho e o senhor alto do inem, e finalmente tinha chegado o A. oito. mais umas malas enormes que os dois bombeiros e depois os dois médicos trouxeram.

e os médicos acharam que nós tínhamos ficado de propósito para a criança nascer em casa, e a placenta não saiu e só muitas horas depois, e muitas outras contrações depois e com a ajuda da enfermeira, é que conseguimos não ir fazer raspagem. demorou mais porque foi a mesma enfermeira que tratou do S antes de vir tratar de mim – não tinha qualquer impureza no sistema respiratório, limpíssimo. e novamente, a anestesia local não fez quase efeito e eu estive a contar toda a história do parto enquanto a enfermeira me cosia e eu sentia tudo. e perguntei pelo S e disseram que estava bem, que já vinha. e estavam sem camas disponíveis e eu no corredor, apenas aflita enquanto não o colocaram ao meu colo. fiquei várias horas no corredor do bloco de partos, mas muito bem tratada e cuidada pelas enfermeiras.

andava há uns dois dias a dizer ao A que o parto seria antes do fim-semana. dentro de mim sentia que o que estava feito, estava. e o que não estava, é como se estivesse. a gravidez foi muito pesada para mim, senti que várias coisas estavam o caos e que não aproveitei o tempo em casa. as últimas semanas foram uma correria, a arranjar imensas coisas que se estragaram exactamente naquela altura, culminando nas obras da casa-banho, quinta-feira antes dele nascer. nesse dia, após ter ido buscar a D super tarde à minha mãe, mandado os senhores embora, deitado a miúda lá para as nove da noite e ter feito limpezas até o A chegar do trabalho, quase à uma da manhã, tinha planos de continuar a limpar no dia seguinte, e simplesmente não consegui. e nesse fim-semana entreguei o tempo e a força para fazer o que fosse. era altura de deixar de pensar no que fazer e dedicar-me a escutar o corpo.

tudo começou e terminou no desenrolar de tantas coisas que, desatentos, pode não ter significado nenhum. mas para as quais gosto de olhar.

estive muito tempo de baixa na gravidez do S, não consegui fazer tanto que tinha planeado, mas consegui pensar na D, no seu crescimento enquanto menina e enquanto irmã, tentar acompanhá-la e ajudá-la na próxima fase de mana grande.

Deus ofereceu-me um parto natural em minha casa, experiência maravilhosa, mas que nunca teria coragem de o desejar sequer em voz baixa.

deixar o tempo escoar pelos dedos, não ter grande noção que, sequer estava a tirar fotografias de jeito à barriga. e eu sei o que é não ter fotos quando os irmãos mais velhos têm. “ai não me tiras fotos de jeito cá dentro, nem eco ou filme 4D? ficas com um parto maluco para contar!” e qual tratar da criopreservação? não poderia ter criopreservado!

e sobraram os medos. ao sonharmos com uma família de quatro, dois filhos, ter tanto medo de problemas de saúde. ter tanta certeza da bênção da saúde da D, e tanto medo que alguma coisa corresse mal. os medos. ter estado todo o tempo da segunda gravidez com o coração nas mãos, com quase certeza que alguma coisa errada iria acontecer. comigo ou com o S. o S teria algum problema, a epidural que não faria novamente efeito total, a minha coluna..

se estivermos desatentos podemos não reparar na quantidade de coisas que uma gravidez nos oferece enquanto pessoas. aquilo que podemos aprender. depois de tanta coisa escrita, não consigo explicar mais.

a gravidez da D ensinou-me que eu sou capaz – Deus deu-me todas as ferramentas físicas e morais para ter uma criança, mesmo com trinta anos de vida a dizerem, fora e dentro de nós, que não sabemos e não conseguimos, e com tudo o que uma gravidez ou parto possa trazer de mau, mas eu sou capaz. eu em específico, tenho forças e capacidades e eu consigo.

a gravidez do S ensinou-me que Deus está no controlo – posso ter tantos medos e teorias e sofrer por antecipação sempre que esteja com medo do tudo e do nada, mas é Deus que controla. quando tudo poderia estar a desabar com os nervos, sem o marido, sem o apoio que achei sempre indispensável do A e dos médicos (e ambiente desinfectado, cheio de máquinas e tudo o necessário), se é para acontecer, Ele sabe e cuida.

o parto do nosso S aconteceu quarta-feira, nove de julho de dois mil e catorze pelas zero horas e cinquenta e dois minutos.



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