domingo, 2 de agosto de 2015

I AM CAIT

"A mulher não se vestirá de homem, nem o homem se vestirá de mulher. Aquele que o fizer será abominável diante do Senhor, seu Deus"
Deuteronómio 22.5 (na Bíblia)


confesso que pensei que o programa fosse sobre a transformação do Bruce em Cait, nas operações e lutas interiores. hoje vi que vai muito além. as reacções da família, o apoio à comunidade.. e quando a mãe, uma senhora já com idade avançada, fala sobre o versículo acima, com lágrimas nos olhos, confesso que conferi legitimidade ao programa. e sabendo eu, que sei, a importância que a Bíblia tem para um crente, mesmo que as palavras pareçam desadequadas aos dias que correm, e quando vejo essa mãe falar de amor incondicional para com a filha transgenere.. vejo-os já como pessoas apenas, e não como socialites num mundo tão diferente do meu. acho importante o trabalho que ele está a tentar fazer, usando a voz que tem.

nunca segui os Kardashian de perto, mas pelo pouco que vi, fico a pensar no caminho que aquela pessoa percorreu, só após ter (acho) quatro filhos grandes é que se assume. uma vida inteira de mentiras, a viver uma personagem que não era ele (ela).

tenho uma amiga de escola (assim a considero apesar de não nos vermos há tantos anos) que é transgenere. lembro-me quando, à porta da escola me disse que se tinha assumido. na altura talvez ainda perdida com a falta de apoio em conseguir perceber-se a si própria, assumiu-se gay, só muito mais tarde, mulher. lembro-me de lhe ter dito algo do género "sabes, eu gosto muito de ti, mas a minha religião.." . que coisa mais despropositada de se dizer. desculpa P! que egoísmo de minha parte, não queria ter qualquer problema com Deus e achei que dizer aquilo era o melhor. que falta de visão, de humanismo, que cabeça dura, que falta de amor! estamos sempre tão centrados na vida dos outros que criticamos o que percebemos e o que não percebemos, esquecemo-nos de olhar para nós mesmos. mais tarde, vi-a no telejornal, ainda sem a operação de mudança de género, e a partir daí, ao longe, fui acompanhando algumas lutas - as operações, situações familiares, a luta pelo nome, o apoio que sempre teve da avó, a reconciliação com o pai.. histórias que ouvi inacabadas e tristes há vinte anos atrás, agora com uma resolução feliz. li várias coisas que escreveu, vi vários programas onde entrou, o cuidado que tem naquilo que diz publicamente devia servir como exemplo para pessoas que aparecem diariamente em público, sem respeito por telespectadores, ou por eleitores... o que fica, acima de tudo, é uma admiração enorme, e também orgulho, por ter privado, há muitos anos, com alguém com muita força e muita coragem.

"agora permanecem estes três: a fé, a esperança e o amor, mas o maior destes, é o amor"
1 Coríntios 13:13 (na Bíblia)

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