quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

destralhe em 2018

aquele post anual que eu gosto tanto. põe-me a pensar no ano que passou e no caminho da simplificação.

 
consegui estes números porque nos focámos, porque mudar de casa ajudou e obrigou o desapego de itens que andávamos a procrastinar, tínhamos coisas há anos à espera dum empurrão externo para se irem embora, e como soube que íamos mudar de casa com muitos meses de antecedência, consegui ir revendo muita coisa com calma – descobri que, pelo menos para mim, aquela coisa de mudar de casa e com isso deitar muita coisa fora, é mentira! às tantas só queria deixar de ter coisas à solta, só queria aprisiona-las dentro das caixas para não fugirem e para estar tudo preparado para a mudança que, até dois dias antes, não sabia quando seria. portanto não aconselho ninguém a destralhar quando está a encaixotar – façam antes, com tempo, com as coisas ainda no seu lugar: pegar numa estante, num monte de papéis, num armário de tupperwares e decidir, repondo as coisas que ficam no lugar, sem uma caixa de mudanças ao lado.
conseguimos destralhar ainda mais este ano mas grande parte são coisas pequenas (apesar de haver muita coisa que conto em grupo e não individualmente, como os papéis), e, infelizmente, continuo a sentir que ainda há sítios atafulhados e que me provocam o sentimento de sufoco. mas ver o caminho que já percorremos e o que fizemos especificamente este ano é fenomenal: desfizemo-nos de uma coleção enorme de selos, de centenas e centenas (literalmente) de taças e medalhas – nada disto tinha realmente lugar de destaque na nossa casa, e eram coisas tipo coleção, e quando é assim, se não tem lugar de destaque, é assim tão importante para nós? desfizemo-nos de coisas que gostávamos de usar (ai, a marquesa) mas a verdade é que não usamos, desfizemo-nos de coisas apenas e só a pensar que tínhamos decidido há muito tempo atrás que não queríamos uma casa com arrecadação nem com garagem, e por isso tínhamos de agir em conformidade.
 
este foi o ano do A desfazer-se de mais que antes, de mexer e deitar fora coisas que ainda estavam em casa da minha mãe, foi o ano de me desfazer de muita coisa que podia ter vendido e não vendi, mas foi o ano que mais senti (em bens materiais), que quanto mais damos, mais recebemos. foi o ano de reforçar o minimalismo na sua faceta mais elitista – o “tenho pouco mas bom”, o ano que nos desfizemos da maioria das toalhas, que ainda nos secavam mas já sem qualidade, e que decidi (e fiz)  ter apenas duas toalhas para cada local de wc.
 
acredito que, a partir de agora, não iremos conseguir mais estes números altos - ironicamente, até meio de janeiro 2019 já destralhei mais do que janeiro 2018 inteiro - mas ainda há muito trabalho a fazer, especialmente no escritório, e haverá sempre a roupa dos  miúdos (e os brinquedos), que se reproduzem à bruta e que estou sempre a tentar diminuir.
 
e mesmo não tendo tempo e às vezes a capacidade mental de decisão para destralhar mais, e mesmo que eu sinta que o caminho ainda é muito longo até estar num local que me sinta confortável, aos poucos a convicção instala-se na prática: o sentir a casa mais simples e leve, a cabeça mais simples e leve, as rotinas, a vida.
 
a Marie Kondo disse no seu primeiro livro que ao começar a ajudar outras pessoas a destralhar a casa toda, o grande impacto que viu na vida delas não foi na casa, foi na mente! grande parte decidiu mudar algo muito grande na sua vida - mudar de trabalho, de vida, de marido/ mulher! ou não queriam mudar estas coisas mais visíveis mas queriam mudar radicalmente o modo de fazer as coisas.
porque destralhar obriga-te a tomar decisões (isto fica, isto vai). e deitar coisas fora traz-te um alívio tal que, junto com as decisões que vais fazendo, já não consegues ignorar que há partes da tua vida (dentro de ti) que tens desprezado ou escondido (deixado dentro do armário da tua cabeça) e começas a deixar de ter receio de decidir, é-te mais fácil decidir e descobrir-te e tomar essas decisões também.
 
este ano, destralhámos três mil e oitenta e sete itens.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

2018

em dois mil e dezoito aprendi que há cabelos brancos que nascem brancos e que há cabelos com cor "de jovem" que se transformam em brancos (assim já grandes), desconhecia. aprendi que as pessoas mudam, que as pessoas não mudam - para relembrar que o ser humano é fascinante e que aos trinta e sete anos, continuo a achar a humanidade muito mais interessante do que os animais. aprendi que o conhecimento dá-nos criatividade para ultrapassar tudo, ou quase. que há pessoas e grupos de pessoas que entram na nossa vida à bruta mas de forma constante. que as pessoas confiam em mim (mesmo ainda não tendo sido este ano que descobri o porquê). relembrei que quando acreditamos, temos força para lutar. que lutar é cansativo e deixa mazelas. apercebi-me que afinal até posso achar graça a trabalhar na corda bamba, e se calhar ia ter jeito e força e conseguir.
dois mil e dezoito foi difícil, mas trouxe-me a certeza (e mais uns passos dados para lá) que o que desejo mesmo é a simplicidade, aquela branca brilhante com silêncios e gargalhadas de crianças. trouxe duas grandes lutas: a da casa e a da inscrição na escola do S. ganhamos as duas, eventualmente não totalmente como queríamos mas sem dúvida foi o melhor que poderíamos ter. trouxe-me muitas (muitas) pessoas novas, e algumas delas já as sinto no sangue.
e lembrou-me que os sonhos são para ser lutados, suados, seguidos! não são para estarem longe, num futuro que nunca chega. nunca nada vai estar cem por cento como queremos, onde queremos quando queremos, há sempre o risco a incerteza, muitas dúvidas, o estômago com borboletas e com traças, o coração a disparar e os pulmões sem ar. há sempre as vezes que antecipamos tanto que quando chegamos falta algo, e as vezes que o medo nos faz chegar sem sentimento, e oa momentos pequenos que valem tudo.
que os cabelos brancos tenham histórias de stresses vividos e não apenas sonhados.
venham os próximos sonhos.

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