sexta-feira, 19 de outubro de 2018

a mudança

dia da escritura terminou com miúdos a dormir na avó. fomos à casa nova, tarde e más horas. sem combinar, recebemos um abraço bom de quem nos acompanhou mais de perto. voltamos com o plano de limpar o resto do congelador, mas ainda fiz mais coisas, desisti de fazer ainda mais, o cansaço ganhou com a consciência total que correria muito melhor se fizessemos direta.
acordámos, nós meio chateados, meio com a birra. a mudança não correu bem, sentimo-nos mal tratados e abusados - já estamos a tentar tratar com a deco.
desde eu dar-lhe os parafusos para prender o tambor da máquina de lavar roupa e ele não aceitar, e quando o A questionou a razão, dizerem "senhô, se quisé a maquina sai novamente do camião e fica cá nesta casa" (??!?), até demorarem quase o dobro do tempo previsto, até estragarem várias coisas e até um pontapé terem dado a uma estante. quando embalam duas camas e um colchão e só depois se apercebem que não cabe na porta, sinto que já não estamos a pagar a inexperiência, mas sim a experiência de se receber mais.
o A teve de ir à casa nova no início da manhã e o tecto da cozinha pingava, o dia a rolar e eu a correr.
mas quando olho para trás, não vejo isso: vejo muitas caixas e ainda o sentimento de avisar se preciso ou não de mais caixas, ainda o sentimento que falta tempo até à escritura, que ainda quero fazer isto e aquilo. que falta muito e não sei como ou quando vou conseguir terminar, com o marido a desvalorizar, que não falta quase nada, eu com consciência que é o fim da corrida e não vale a pena gastar energia nisso. acho que ir para aquela que queremos que seja a foreverhome ainda vai demorar muito, ainda não aconteceu.
depois de muito cansaço físico e emocional da mudança (que também não senti como o horrível que falam), fomos buscar os Bichinhos nesse dia já tarde e com o sentimento que ia ser um fim de semana difícil e que talvez fosse melhor eles ficarem na minha mãe - tinha razão, fizemos três viagens com os dois carros, e mais uma viagem só com um carro, para levar as últimas (afinal muitas) coisas pequenas e deixar a casa minimamente limpa e arejada, limpar e deitar fora muita coisa até quase às onze da noite esquecendo de levar comida para qualquer um de nós - mas conseguimos! já não era um lar, mas saí com o mesmo sentimento que entrei, há quase dez anos atrás: uma casa cuidada e pronta a transformar-se num novo lar. entregámos a chave de coração trêmulo mas de consciencia leve.

fomos buscar os Bichinhos no dia da mudança já tarde e com o sentimento de que essa noite seria a primeira na nossa casa nova, que teria de ser especial e diferente e a quatro. esperei que não corresse bem (esta coisa de pensar em tudo e mais alguma coisa), pensei em alternativas e afinal até correu bem. os miúdos apareceram algumas vezes pelo nosso quarto, fui um pouco para o deles. penso que à terceira vez que a D apareceu lá, convidei-a a ficar na nossa cama. o S apareceu ainda não eram seis da manhã e quando deixei de acreditar que ia voltar a dormir, levei-o para baixo e quando lá chegamos disse "já posso calçar os tenis e ir brincar para o jardim?" e passado umas horas, na primeira manhã na nossa casa, ter quatro bracinhos à volta das nossas duas barrigas a dizer "obrigada pela casa nova mama-papa". :)

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